Da Prada à Zara, as grandes marcas de moda estão destruindo a floresta amazônica

Um novo estudo liga algumas grandes marcas de moda internacionais, incluindo Adidas e Prada, ao desmatamento na Amazônia

Moda e desmatamento na Amazônia: podem parecer dois conceitos totalmente distantes um do outro, mas intimamente relacionados. De fato, dezenas de marcas de roupas, incluindo marcas mundialmente famosas como NikeZara e Prada, estão contribuindo para a destruição do pulmão verde do nosso planeta. Isso é revelado por uma nova análise realizada pela Stand.earth, uma organização internacional de pesquisa que lida com a proteção das florestas mais vulneráveis.





Mas o que isso tem a ver desmatamento com o mundo da moda? Conforme esclarece o relatório intitulado “Nowhere to Hide”, algumas das maiores empresas de vestuário compram couro – para fazer sapatos, bolsas e outros acessórios – de fabricantes e curtumes que estão devastando a floresta amazônica. Nesta região, as árvores estão sendo cortadas em ritmo cada vez mais rápido para dar lugar à agricultura intensiva, situação que está colocando em risco não apenas o meio ambiente, mas também a sobrevivência das tribos indígenas.

Juntos, @standearth e @theslowfactory lançaram novas pesquisas que revelam como a indústria da moda está empurrando a floresta amazônica para mais perto do ponto de inflexão do colapso irreversível do ecossistema. #SupplyChange https://t.co/kldIXFcYVx pic.twitter.com/5op6bk07WC

— Slow Factory (@theslowfactory) 30 de novembro de 2021

As grandes marcas responsáveis ​​pela destruição da Amazônia

Para investigar a questão, o Stand.earth revisou milhares de dados alfandegários, trazendo à tona ligações mais ou menos indiretas entre dezenas de empresas de moda e o desmatamento na Amazônia. E das análises, inúmeras marcas conhecidas não saíram nada "limpas": entre elas Prada, H&M, Zara, Louis Vuitton, Adidas, Nike, New Balance, Teva, UGG e Fendi. Cerca de 50 empresas examinadas são, de fato, vinculadas à JBS, maior exportadora de couro do Brasil. E embora este último esteja comprometido em atingir a meta de “desmatamento zero” até 2035, várias pesquisas documentaram que, na realidade, essa meta ainda está muito distante.

Da Prada à Zara, as grandes marcas de moda estão destruindo a floresta amazônica

@Stand.earth

Para sair com um gosto ruim na boca é o fato de a maioria dos modismos em questão ter anunciado a adoção de políticas contra o desmatamento. Para dar um exemplo, a LVMH iniciou uma parceria com a Unesco no início deste ano, mas uma realidade muito diferente emerge da análise realizada pelo Stand.earth. 



“Na Amazônia, a vegetação está diminuindo cada vez mais, então essas políticas não surtiram efeito algum”, destacou um dos autores do estudo. No último ano, a taxa de desmatamento da Amazônia aumentou 22%, marcando o recorde dos últimos 15 anos.

Secondo l'International Council of Tanners (ICT), circerca de 65% do couro utilizado no mundo é de origem bovina e a demanda não está diminuindo, pelo contrário, está aumentando ano a ano. Para atender à demanda por carteiras, bolsas e sapatos, 430 milhões de bovinos terão que ser abatidos anualmente até 2025 (acima dos 290 milhões em 2016). E a maioria desses animais é criada no Brasil, onde a floresta amazônica está desaparecendo visivelmente. 

Com estes ritmos, em suma, em breve seremos obrigados a dizer adeus ao nosso pulmão verde e o setor da moda é cúmplice desta destruição. 

“O objetivo é desenvolver um plano claro para a indústria da moda para não permitir brechas”, disse Jungwon Kim, vice-presidente da Slow Factory, uma ONG de justiça climática que participou da elaboração do relatório. 

Um atraso adicional poderia levar ao colapso do delicado ecossistema amazônico. 

“Só temos de encontrar outras soluções que não sejam de origem animal ou plástica” sublinha Céline Semaan, fundadora da Slow Factory. 

Felizmente, existem alternativas à pele de animais, enquanto a floresta amazônica não pode ser substituída.


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Fontes: Stand.earth/The Guardian

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